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Do giwa ao hanji: como se constrói um hanok na Coreia do Sul

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Quando pensamos na Coreia do Sul, é fácil que a imagem de arranha-céus futuristas, tecnologia de ponta e cidades vibrantes como Seul venha imediatamente à mente. No entanto, entre a modernidade que caracteriza o país, existe também um património arquitetónico profundamente enraizado na cultura e na história coreanas: o hanok (한옥). Estas casas tradicionais, reconhecidas pelas suas linhas elegantes, telhados curvos e integração harmoniosa com a natureza, não são apenas construções, são um reflexo vivo da filosofia de vida e da identidade coreana.

Neste artigo, exploramos a história, os princípios arquitetónicos e o papel atual dos hanoks na Coreia do Sul, mostrando porque continuam a fascinar visitantes e estudiosos de todo o mundo.

O que é um hanok?

Um hanok é uma casa tradicional coreana construída maioritariamente com materiais naturais, sejam eles madeira, pedra, argila e papel de amoreira, o hanji. A sua forma não foi definida apenas pela estética, mas também pela adaptação ao clima e pela ligação simbólica com a natureza e a espiritualidade.

Entre as características mais marcantes encontram-se:

  • Estrutura em madeira: colunas e vigas que sustentam toda a construção.
  • Telhado de telhas curvas (giwa): símbolo de status social e ao mesmo tempo um recurso funcional para controlar a entrada de sol.
  • Ondol: um sistema de aquecimento radiante sob o chão, fundamental para os invernos rigorosos da península coreana.
  • Maru: um hall ou alpendre em madeira elevado do chão, usado para refrescar os interiores durante os verões quentes.
  • Paredes e portas em hanji: papel translúcido feito da casca da amoreira, que permite a entrada de luz suave e mantém o espaço arejado.
Princípios arquitetónicos: viver em harmonia com a natureza

A construção de um hanok não era feita ao acaso. Baseava-se no conceito de pungsu-jiri (풍수지리), semelhante ao feng shui chinês, que procurava alinhar a casa com as energias do ambiente.

A localização era escolhida de acordo com a máxima “Baesanimsu” (배산임수) que ditava que a montanha ficasse atrás para proteção e o rio à frente para prosperidade. Isto garantia não só conforto climático, mas também equilíbrio espiritual.

O hanok foi desenhado para resistir a extremos, quer seja o frio rigoroso do inverno ou o calor húmido do verão. O ondol distribuía calor através de canais subterrâneos aquecidos a lenha, mantendo o interior quente. O maru ventilado permitia o arrefecimento natural durante o verão.

O tamanho e a disposição dos hanoks variavam consoante a classe social. As famílias abastadas possuíam complexos espaçosos, com pátios e áreas específicas para homens, mulheres e criados. Já as famílias mais humildes construíam versões simplificadas, focadas apenas na funcionalidade.

A transformação dos hanoks no século XX

Apesar da sua importância cultural, os hanoks enfrentaram séculos de abandono e destruição. Durante o período colonial japonês e, mais tarde, após a Guerra da Coreia (1950–1953), muitas destas casas foram demolidas para dar lugar a edifícios modernos.

Foi apenas nas últimas décadas que o governo sul-coreano e diversas organizações culturais reconheceram o valor deste património, iniciando projetos de preservação e revitalização. Hoje, bairros inteiros como Bukchon Hanok Village em Seul ou Jeonju Hanok Village foram restaurados, atraindo turistas e locais que querem reviver a tradição.

Atualmente, os hanoks não são apenas preservados como museus ou casas de família. Muitos foram reimaginados para responder ao estilo de vida contemporâneo e podem ser cafés, hotéis, espaços culturais. Dormir num hanok, sentir o calor do ondol, ouvir o silêncio da madeira e acordar num ambiente de simplicidade é uma experiência que combina conforto e história.

Num país em constante transformação, os hanoks lembram que a modernidade não precisa apagar a tradição. Representam um elo entre a herança cultural e a inovação tecnológica pela qual a Coreia do Sul é conhecida.

Para muitos coreanos, os hanoks são um símbolo de identidade nacional, que deve ser protegido e celebrado. Para os visitantes, são um convite a abrandar o ritmo e a redescobrir a beleza da simplicidade.

Hoje, entre a vida urbana frenética e a preservação da tradição, os hanoks mostram que é possível viver em harmonia com o passado sem deixar de abraçar o futuro.

Seja através de uma visita a Bukchon em Seul, de uma estadia em Jeonju ou simplesmente apreciando a estética única destas casas, mergulhar no universo dos hanoks é compreender a essência da cultura da Coreia do Sul.

E se quiseres conhecer de perto um destes hanok, vem com o Carlos Morais e a Papa-Léguas à Coreia do Sul e explora estes refúgios tradicionais coreanos!

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