O Parque Nacional de Etosha, um dos santuários de vida selvagem mais emblemáticos da Namíbia, enfrentou recentemente uma das maiores catástrofes ambientais da sua história. Um incêndio florestal de grandes proporções deflagrou no dia 22 de setembro e devastou 38% do parque, perturbando a harmonia natural que o tornava um refúgio tão extraordinário para a vida selvagem.
O incêndio, que terá tido origem em atividades de produção de carvão em zonas agrícolas próximas, levantou sérias preocupações sobre o futuro da sua fauna e flora, do turismo e das comunidades locais.
Até ao momento não há números oficiais dos animais que morreram nos incêndios, mas há especulações sobre a morte de antílopes e elefantes. O enorme tamanho do Etosha — tem mais de 20 mil quilómetros quadrados — provavelmente ajudou a vida selvagem a manter-se longe das chamas. Ainda assim, centenas de espécies de animais viram o seu habitat ser destruído.
Com a pastagem reduzida a cinzas em várias áreas, os animais foram forçados a concentrar-se em refúgios mais pequenos perto dos pontos de água restantes. Essa concentração vai intensificar a competição por alimento, esgotando rapidamente os recursos e aumentando o risco de doenças entre rebanhos. A falta de vegetação também retira a cobertura necessária para muitos animais, tornando-os mais vulneráveis à predação.
As áreas comunitárias e agrícolas circundantes também sofreram a devastação, com centenas de milhares de hectares ardidos, o que afetou diretamente os meios de subsistência de muitas famílias.
A visão de paisagens queimadas e a redução da observação de animais selvagens podem levar a cancelamentos de reservas e a uma queda no número de visitantes. O setor turístico da Namíbia, que é um dos principais motores económicos do país, deverá ser afetado durante os próximos três anos, segundo as estimativas do diretor executivo do ministério do Ambiente, Florestas e Turismo da Namíbia, Sikongo Haihambo.
O impacto visual de grandes áreas de terra ardida pode ser um dissuasor significativo para o turismo que procura a beleza natural intocada, mas agora, mais do que nunca, é o momento perfeito para visitar a Namíbia.
5 motivos para visitar o Etosha agora:
- Apoiar a recuperação e a conservação
O turismo é a principal fonte de financiamento para a gestão e conservação do parque. Ao visitar, o dinheiro contribui diretamente para a melhoria das infraestruturas, para a compra de alimentos para os animais nas zonas mais afetadas e para o financiamento das equipas que trabalham na restauração do ecossistema.
Uma quebra nas receitas pode comprometer estes esforços cruciais numa altura em que a vida selvagem de Etosha está mais vulnerável.
- Observação única de espécies em pontos de água
Como as vastas áreas de pastagem foram queimadas, os animais foram forçados a migrar para os pontos de água e zonas de pasto que sobreviveram. Isto proporciona oportunidades únicas de observação de grandes grupos de animais, como zebras, gnus, oryx e até rinocerontes em locais diferentes do habitual.
Quanto o Etosha receber as próximas chuvas, as áreas queimadas vão renascer ainda mais verdes e atrairão herbívoros e, consequentemente, os seus predadores, como as chitas. É possível que os futuros visitantes do parque avistem ainda mais chitas do que antes.
- Testemunhar a resiliência da natureza
As savanas na Namíbia são ecossistemas adaptados ao fogo, pelo que uma visita agora permite ver o início do processo de regeneração. Terás a rara oportunidade de observar como a natureza responde e se recupera.
A paisagem vai começar a ganhar uma nova vida e terás oportunidade de ver a nova vegetação verde a surgir nas áreas queimadas, um testemunho direto da impressionante resiliência do ecossistema africano.
- Menor número de turistas
Com o possível decréscimo temporário de turistas, há grande probabilidade de teres uma experiência de safari mais íntima e menos concorrida. Desta forma poderás desfrutar da vida selvagem com mais tranquilidade e menos veículos junto aos pontos de observações mais populares.
- Contacto com o pessoal de conservação e comunidades locais
O setor do turismo não envolve apenas o parque, mas sim uma vasta rede de serviços e comunidades. As comunidades locais que fornecem bens e serviços, ou que dependem do turismo comunitário, vão sentir o golpe económico em primeiro lugar.
Os incêndios uniram as comunidades e as equipas de conservação num esforço conjunto de resposta. Ao visitares agora, terás contacto com guias, trabalhadores e proprietários de lodges que estiveram na linha da frente do combate ao fogo. Este contacto pode oferecer uma perspetiva em primeira mão sobre os desafios enfrentados e a importância vital do turismo para a sua subsistência e para a conservação da vida selvagem.
Embora o futuro possa parecer incerto, o compromisso da Namíbia em restaurar a beleza natural do parque permanece inabalável. Se procuras saber se vale a pena viajar para a Namíbia agora, a resposta é: claro que sim.
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