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O cante alentejano deslumbra no Japão

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No fim de semana de 9 a 11 de maio de 2025, o cante alentejano atravessou continentes e chegou ao Japão, marcando presença na Expo Mundial Osaka 2025. O Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento levou a alma do Alentejo ao Pavilhão de Portugal, numa celebração que uniu tradição, identidade e emoção.

O Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento levou consigo mais do que vozes — levou a alma de uma região inteira. Durante três dias, o espaço português, desenhado pelo prestigiado arquiteto japonês Kengo Kuma, celebrou o Alentejo com tudo o que ele tem de mais genuíno: o cante, claro, mas também a Arte Chocalheira de Alcáçovas, os Bonecos de Estremoz, as Festas do Povo de Campo Maior e até uma homenagem visual aos laços antigos entre Portugal e o Japão — os famosos biombos Namban, do século XVI, restaurados com apoio japonês.

O rancho alentejano juntou-se a António Zambujo, cantor natural de Beja e embaixador informal desta arte. Juntos, num palco a milhares de quilómetros de casa, deram vida a modas que falam de saudade, de amor à terra e de uma maneira de viver que resiste ao tempo. Foi um daqueles momentos que não se explicam bem — sentem-se. E talvez por isso tenham tocado tão fundo não só nos portugueses da diáspora, como também nos visitantes japoneses, muitos dos quais escutavam o cante pela primeira vez.

É impossível não se comover ao ver o cante alentejano — essa expressão coral, nascida nas tabernas, nas planícies e nos campos — ser recebido com respeito e curiosidade por uma cultura tão distinta como a japonesa. Ali, num espaço de encontro entre tradições, ficou clara a força universal da música como linguagem comum. E o cante, com o seu ritmo pausado e as suas vozes em harmonia, mostrou que é muito mais do que uma herança: é uma forma de estar no mundo, coletiva, resistente e profundamente humana.

Reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2014, o cante continua a percorrer caminhos improváveis. E ao chegar ao Japão, provou mais uma vez que tradição e modernidade não são incompatíveis. Que há espaço para as raízes num mundo global. Que a autenticidade comove, mesmo quando não se entende cada palavra.

Entre vozes graves e refrões em uníssono, o Alentejo fez-se ouvir — e sentir — do outro lado do mundo.

E nós, que por cá seguimos estas histórias, sentimos também uma pontinha de orgulho. Porque quando se canta com o coração, não há distância que separe.

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